O European Southern Observatory/ESO, divulgou a criação do primeiro mapa meteorológico da superfície da anã marrom mais próxima da Terra. Conhecida como Luhman 16B, esta anã marrom é uma das duas anãs marrons recentemente descobertas e que formam um par a apenas seis anos-luz de distância de nosso planeta. Para a criação do mapa meteorológico que possibilita saber, por exemplo, se o sol está nublado ou limpo em Luhman16B, foi utilizado o Very Large Telescope/VLT do ESO.
ESO/I. Crossfield/N. Risinger (skysurvey.org)
Saiba o que é uma anã marrom e como os cientistas criaram o mapa meteorológico de algo distante 6 anos-luz da Terra clicando em “leia mais”.
De acordo com a nota à imprensa do ESO, uma equipe internacional fez um mapa das regiões claras e escuras da anã marrom Luhman 16B, cujo nome real é WISE J104915.57-531906.1B, e publicará os novos resultados na revista Nature, edição do final de janeiro de 2014.
Anã marrom
Uma anã marrom é um corpo celeste de baixa luminosidade que não consegue iniciar a fusão do hidrogênio em seu núcleo. Sua massa é superior à de um planeta, mas não tão massiva quanto a de uma estrela, as anãs marrons são consideradas estrelas fracassadas. Por causa dessa característica são vistas como o “elo perdido” entre planetas gigantes gasosos e estrelas (Wikipedia).
ESO/I. Crossfield/N. Risinger (skysurvey.org)
As anãs marrons que se encontram mais próximas do Sistema Solar formam um par chamado Luhman 16AB e situam-se a apenas seis anos-luz de distância, na constelação da Vela. Este par é o terceiro sistema mais próximo da Terra, depois de Alfa Centauri e da Estrela de Barnard, mas só foi descoberto no início de 2013. Foi descoberto que a componente menos brilhante, Luhman 16B, variava ligeiramente em brilho a cada poucas horas, à medida que girava - um indício de que poderia ter regiões bem demarcadas em sua superfície.
Os astrônomos usaram agora o poder do Very Large Telescope do ESO (VLT) para, não apenas fotografar estas anãs marrons, mas também mapear regiões claras e escuras na superfície de Luhman 16B.
Para mapear a superfície da anã marrom os astrônomos usaram uma técnica inteligente. Observaram as anãs marrons com o instrumento CRIRES montado no VLT, o que lhes permitiu não somente ver o brilho variável à medida que Luhman 16B gira, mas também observar se as regiões claras e escuras estavam se movendo em direção ao observador ou afastando-se dele. Combinando toda esta informação conseguiram recriar um mapa das regiões claras e escuras situadas na superfície.
As atmosferas das anãs marrons são muito semelhantes às dos exoplanetas (planetas fora do sistema solar) gigantes gasosos quentes, por isso ao estudar comparativamente anãs marrons fáceis de observar, os astrônomos podem também aprender mais sobre as atmosferas dos planetas gasosos jovens - muitos dos quais serão descobertos num futuro próximo pelo novo instrumento SPHERE, que será instalado no VLT ainda este ano.
Ian Crossfield (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha), autor principal do novo artigo científico que descreve este trabalho, enfatiza que: “A nossa anã marrom ajuda-nos a aproximarmo-nos do nosso objetivo de compreender padrões de clima em outros sistemas solares. Desde tenra idade que fui educado para apreciar a beleza e utilidade dos mapas. É muito excitante começarmos a mapear objetos localizado além do nosso Sistema Solar!”
Fonte: European Souther Observatory/ESO http://www.eso.org